Patrono

ANTÓNIO MANUEL SERRÃO MARTINS

Biografia
António Manuel Serrão Martins nasceu a 25 de Março de 1944, em Mértola. Filho de João Francisco Martins e Dionéstia Serrão, ou Leoneste Serrão, como também era conhecida. Irmão mais velho de Maria Filomena, de João Francisco e de Beatriz Serrão, que viria a falecer com um ano. Fruto do segundo casamento de sua mãe, nasceria Júlia Serrão, a irmã mais nova.

António Serrão Martins terminou a Escola Primária em 1954, ano em que fica órfão de pai. Termina o 1º Ciclo Liceal no externato D. Sancho II, na vila de Mértola. O Seminário do Telhal, Escola Particular da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, em Sintra, foi o local onde fez 3º e 4ºs anos liceais, entre 1958 e 1960. Por esta altura nasce um terceiro irmão, fruto do segundo casamento da mãe. Regressado a Mértola, conclui o 2º Ciclo liceal, 5º ano, em 19 de Julho de 1961.

Entre os 16 e 18 anos, para fazer face às dificuldades económicas da família, dá explicações e, algum tempo depois, emprega-se nos escritórios da empresa de transportes Manuel João Horta, Lda., na sede do concelho. Atingidos os 18 anos vai para a Caixa de Previdência do Distrito de Beja, em Beja e, volvidos uns meses, é colocado na delegação da Mina de S. Domingos. Durante esta permanência conclui o 3º Ciclo Liceal, nalgumas cadeiras como autoproposto, noutras com explicações, terminando o 7º ano a 4 de Julho de 1966.
Com o início do serviço militar, a 3 de Janeiro de 1967, ingressa no curso de Oficiais Milicianos, em Mafra. Seguem-se várias colocações em diversos quartéis do continente (Vendas Novas, Penafiel) sendo de salientar, entretanto, a transferência, a seu pedido, para um quartel no Funchal, fundamentalmente, para conhecer a raiz materna insular que, até aí, não conhecia. A sua mãe nascera em Porto Moniz, na ilha da Madeira. Em terras madeirenses tem o privilégio de participar num projeto que na época tinha algum impacto nacional, António Serrão Martins assume o papel de colaborador assíduo do jornal Comércio do Funchal, em cujo quadro redatorial pontificam, entre outros, os jovens Vicente Jorge Silva e José Manuel Barroso (sobrinho de Maria Barroso). Já em Penafiel Serrão Martins é mobilizado para Moçambique, tendo embarcado em 18-05-68 e regressado em Agosto de 1970.

As férias, enquanto esteve em serviço militar em solo moçambicano, umas veio matar saudades da família e amigos, outras foi conhecer a beleza da ilha de Moçambique em pleno Indico. Cumprindo o calvário da guerra colonial, regressado de boa saúde e com um capital de experiências bem duras, como a grande maioria, regressa ao seu posto de trabalho de Beja. Os objetivos e os sonhos de vida não se confinavam naquele emprego. Os horizontes eram bem mais largos, mais vastos.

Convidado, regressa à sua terra natal e começa a lecionar em 1971 no externato onde, anos antes, havia sido aluno. Simultaneamente, inicia o curso de Direito como voluntário. Embora fazendo algumas cadeiras, nunca se entusiasmou verdadeiramente vindo a desistir no 3º ano. O curso de História torna-se-lhe mais apelativo.
No ano seguinte, 1972, estabiliza a vida, em Setembro, casa com Ondina Narciso Palma…amor que vem dos tempos que trabalhou na Mina de S. Domingos. Um ano volvido, por alturas do Natal de 1973, mais propriamente a 21 de Dezembro, nasce o único filho do casal, João Miguel. No 25 de Abril 1974, António Manuel Serrão Martins acumulava então o cargo de professor com o diretor do colégio.

Os alvores da revolução dos cravos levam a que se multiplicassem um sem número de eleições para os mais variados organismos, entre os quais a primeira eleição democrática para a Câmara Municipal de Mértola, a qual havia de vencer, como independente, encabeçando a Lista B, para a denominada Comissão Administrativa. Aí tem a possibilidade de dar vazão à sua enorme ânsia de trabalhar, loucamente, em prol do concelho, da sua terra natal. Não havia horas mortas. O frenesim era constante. Sempre em frente, nem que para isso tivesse que contornar, bastas vezes, ou a ausência de legislação apropriada para as substituições que fossem aparecendo ou fazendo tábua rasa da burocracia, que detestava solenemente, anti formalista por excelência. Viciado na resolução prática dos problemas, quer fossem simples decisões ou outras que careciam de maior reflexão e ponderação, queria recuperar de cinquenta anos de ostracismo, de marasmo. Quantos esperavam, de madrugada, à porta de sua casa, para poderem expor problemas, quando regressava das reuniões maratona no Governo Civil? Tantos…
Inesperadamente, num gesto de grande amizade, solidariedade e alcance político demite-se, quando é afastado o major Brissos, de Governador Civil, ali colocado pelo Conselho da Revolução. Em meados de 1977, a 25 de Julho, termina o seu curso de História. O seu frutuoso trabalho, a sua solidariedade, a sua disponibilidade deixam marcas que irão perdurar por muito tempo.

Faleceu tragicamente num acidente de viação, assim como os companheiros que com ele seguiam, numa manhã de 23 de Março de 1982, a caminho de Lisboa, onde mais uma vez, ia resolver assuntos da terra que tanto amava: MÉRTOLA. António Serrão Martins dirigia-se à Escola Superior de Belas Artes, em Lisboa, onde teria uma reunião destinada a debater os projetos de intervenção na Vila Velha. Próximo da Herdade da Palma, entre Alcácer do Sal e Águas de Moura, faleceram ainda, dramaticamente, pelas 7.15 horas, Delfim Rosa Alho, Patrício Francisco Alho e Maria Constança dos Santos.


José António Horta Reis